A SÓS COM JESUS
9 de agosto
Eu Preciso de Você
Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o compadeceu-se dele. São Lucas 10:33.
A luz vermelha do semáforo nos obrigou a parar na esquina da Prestes Maia e Senador Queirós no coração de São Paulo. Fazia um calor terrível a essa hora do dia. Meu colega, ao lado, esperava impacientemente a mudança de luz. Atrás dele seu filho adolescente, olhava distraído pela janela do automóvel. De repente, aproximou-se do carro um garoto com uma sacola de maçãs na mão.
— Seis por mil e duzentos — disse com olhos quase suplicantes.
Era um garoto de rua. Desses que andam aos montes nas esquinas limpando pára-brisas, vendendo bugigangas ou simplesmente pedindo uma esmola.
Meu colega olhou para ele e apesar do calor sufocante, deu-se ao trabalho de procurar dinheiro e comprar a sacola de maçãs.
— Você vai ser capaz de comer isso aí? — perguntou o filho com ar de esperto. — Essas maçãs estão quase podres.
— Eu não as comprei para comer — respondeu o pai. — Comprei-as para que o garoto possa comer.
Você entendeu a mensagem? Envolvimento seria a palavra certa. Todos temos que ver com todos. Não somos ilhas. Somos de alguma maneira responsáveis pelos que sofrem, embora vivamos num mundo cada vez mais egoísta, onde todo mundo parece estar contra todo mundo, onde cada um busca proteger-se e proteger apenas o que é seu.
A dependência é uma lei da vida. À terra, para produzir, precisa de chuva, a chuva precisa primeiro ser nuvem e para ser nuvem precisa de sol; o sol para esquentar as águas e gerar a nuvem precisa da rotação da Terra. Ninguém é uma ilha. Todos precisamos de todos. Talvez uns precisem mais do que outros e se a vida nos fez fortes ou nos colocou num lugar privilegiado, é bom perguntar o que posso fazer por meu próximo. Se não for assim, pode acontecer o que Bertold Bretch descreve em seu poema:
“Primeiro levaram-se os judeus, mas como eu não era judeu, nem sequer liguei. Depois levaram-se os obreiros, mas como eu não era obreiro também não me importei. Aí foi a vez dos estudantes, mas como não era estudante também não me interessou. Depois vieram a mim e aí, já era muito tarde.”
E eu como fico diante disso tudo? Sou capaz de alçar os olhos para cima dos meus interesses e meu conforto e olhar para o irmão ao lado?
Penso que o infortúnio, a fome, a necessidade, a doença e a morte, são patrimônio exclusivo dos outros? Sou capaz de estender a mão enquanto tenho mão? Sou capaz de olhar com simpatia, enquanto tenho olhos?
Queira Deus que sim, porque um dia a tristeza pode bater também à minha porta e aí talvez já seja tarde.
Que Deus o abençoe neste dia!
https://youtu.be/LIUmhfUyfYM
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