Lendo a Bíblia de Gênesis a Apocalipse
Leitura Bíblica – Jó 35
Comentário: Pr. Heber Toth Armí
JÓ 35 – Aquele que repreende aos outros precisa ter ciência e consciência que pode estar absurdamente mais equivocado quanto àqueles a quem intenta repreender.
• Eliú repreende Elifaz, Bildade e Zofar por não persuadirem a Jó com seus argumentos.
• Eliú repreende Jó por declarar inocência perante Deus, diante das tragédias vivenciadas.
“O discurso de Eliú abrange seis capítulo do livro de Jó (32-37). É o mais longo discurso ininterrupto de todo o livro. Começa após o término da fala de Jó (31:40) e é motivado por uma declaração quádrupla sobre a ira de Eliú. Essa manifestação se encontra na introdução prosaica do discurso dele (32:1-5) e merece um comentário: Eliú entendia a declaração de inocência de Jó como uma tentativa de autojustificação arrogante. Ele também estava irado com os três amigos, pois eles não haviam conseguido convencer Jó de sua culpa. Todo o seu discurso surgiu da ira, que não é um bom ponto de partida para nenhuma discussão, mesmo se apresentada como santa e justa” (Clifford Goldstein).
• A ira motivou Eliú a preocupar-se mais em provar estar certo do que oferecer consolo/ajuda a Jó.
• A irritabilidade levou Eliú a introduzir seu discurso em Jó 35 com perguntas retóricas bastante agressivas, insinuando que Jó era presunçoso ao falar a Deus como falava.
• A fúria de Eliú o fez discursar com autoritarismo e arrogância, repreendendo Jó por suas acusações “injustas” diante de Deus (Jó 35:4-16).
A acusação dele a Jó é que “abre a sua boca para dizer palavras vãs; em sua ignorância multiplica palavras” (Jó 35:16). Isto é uma autoacusação projetada em Jó! A projeção é um conceito psicológico que descreve um mecanismo de defesa em que uma pessoa atribui a outra seus próprios sentimentos, desejos, impulsos ou pensamentos indesejados ou não reconhecidos.
Nesse sentido, quando Eliú emitiu tal acusação estava projetando a si mesmo na pessoa de Jó. Seu discurso foi o mais longo (multiplicou palavras), não conseguia definir o assunto do sofrimento como gostaria, e falava palavras vãs porque desconhecia fatos além de sua compreensão (Jó 1-2).
A projeção faz o acusado sentir-se injustiçado e incompreendido. Assim, supondo ser sábio, Eliú agia como tolo, ferindo ainda mais o pobre, miserável, sofredor e coitado Jó.
Cuidemos para não projetar nossas falhas aos outros! Reavivemo-nos! – Heber Toth Armí.
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