A SÓS COM JESUS
19 de março
Todos Somos Necessários
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Romanos 14:7.
A luz vermelha do semáforo nos obrigou a parar na esquina da Preste, Maia e Senador Queirós, no coração de São Paulo. Fazia um calor terrível. Meu colega ao lado esperava impaciente a mudança de luz. Atrás dele, seu filho adolescente olhava distraído pela janela do automóvel. De repente aproximou-se do carro um garoto com uma sacola de maçãs na mão.
- Seis por mil e duzentos — disse com olhos suplicantes.
Era um garoto de rua, desses que andam pelas esquinas limpando para-brisas, vendendo bugigangas ou simplesmente pedindo uma esmola. Desses garotos que, de tanto pedir, um dia decidem tirar e correr. E depois vivem correndo, e não param de correr a vida toda. Era um garoto simples, desses que sem saber se tornam matéria de discursos inflamados e artigos como este.
Meu colega olhou para ele e, apesar do calor sufocante, deu-se ao trabalho de procurar dinheiro e comprar a sacola de maçãs.
- Você vai comer isso aí? — perguntou o filho, com ar de esperto. — Essas maçãs estão quase podres!
— Eu não as comprei para comer — respondeu o pai. — Comprei-as para que o garoto possa comer.
Você entendeu a mensagem?
Envolvimento seria a palavra certa. Todos temos que ver com todos. Não somos ilhas. Somos de alguma maneira responsáveis pelos que sofrem, embora vivamos num mundo cada vez mais egoísta, onde todo mundo parece estar contra todo mundo, onde cada um busca proteger apenas a si e ao que é seu.
A dependência é uma lei da vida. Dependência não no sentido de falta de iniciativa própria, esperando que os outros façam as coisas, mas dependência no sentido de saber que as nossas realizações, conquistas e vitórias não são fruto apenas de nosso próprio esforço, já que outros tiveram também que ver com isso. A terra precisa de chuva para produzir, a chuva precisa primeiro ser nuvem e para ser nuvem precisa do sol; o sol para esquentar as águas e gerar a nuvem precisa da rotação da Terra.
Ninguém é uma ilha. Todos precisamos de todos. Talvez uns precisem mais do que outros, e, se a vida nos fez fortes ou nos colocou num lugar privilegiado, é bom perguntar: “O que posso fazer por meu próximo?”
Sou capaz de erguer os olhos acima dos meus interesses e conforto e olhar para o irmão do lado? Penso que o infortúnio, a fome, a necessidade, a doença e às vezes a morte são patrimônio exclusivo dos outros? Serei capaz de estender a mão, enquanto tenho mão? Serei capaz de olhar com simpatia, enquanto tenho olhos? Tomara que sim, porque um dia a tristeza pode bater também à minha porta e aí talvez já seja tarde.
MINISTÉRIO BULLÓN
MEDITAÇÃO DIÁRIA
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